quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Da maturidade.


Com a linguagem que lhe imortalizou, Machado de Assis escreveu o seguinte sobre a personagem Guiomar, do romance "A mão e a luva":

"Guiomar não tinha a experiência nem a idade da inglesa (Mrs. Oswald), que podia ser sua mãe; mas a experiência e a idade eram substituídas, como sabe o leitor, por um grande tino e sagacidade naturais. Há criaturas que chegam aos cinqüenta anos sem nunca passar dos quinze, tão símplices, tão cegas, tão verdes as compõe a natureza; para essas o crepúsculo é o prolongamento da aurora. Outras não; amadurecem na sazão das flores; vêm ao mundo com a ruga da reflexão no espírito, - embora, sem prejuízo do sentimento, que nelas vive e influi, mas não domina. Nestas o coração nasce enfreado; trota largo, vai a passo ou galopa, como coração que é, mas não dispara nunca, não se perde nem perde o cavaleiro". GRIFO NOSSO - "A mão e a luva". In: Obra completa, I, p. 237.

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