domingo, 13 de junho de 2010

"Sex and The City 2 e a bebida Alpino"


Não costumo a escrever sobre filmes neste espaço raramente visitado na chamada “globosfera virtual”... Na verdade, em razão do pouco tempo disponível – por falta de organização mesmo ou por ter prazos na minha cola – “atualizo” este espaço em tempo já desatualizado.

Trocadilhos e jocosidades à parte, decido escrever sobre minha impressão e olhar colocado em foco na película “Sex and the city 2”. Pois é, depois de presentear a namorada com caixa contendo TODOS os episódios da série que popularizou-se nos Estados Unidos da América que se baseou em livro de mesmo nome da autoria de Candace Bushmell... Me vi compelido a escrever.

Na verdade, o cinema me causa sempre uma vontade de expressar sobre as impressões que obtive ou extraí após uma sessão. Seja ruim ou bom, realmente, o cinema é uma das poucas manifestações que fazem a gente abstrair do presente e literalmente viajar no tempo, espaço e em elucubrações filosóficas.

Como já havia iniciado, a Série “Sex and the City” se popularizou nos EUA após transmissão pela Rede HBO (TV por assinatura), de 1998 até 2004. A maioria dos episódios se passa na cidade de Nova Iorque e focavam histórias sobre as relações íntimas de quatro mulheres que se tornaram amigas, três das quais nos trinta, e uma, Samantha (a ninfomaníaca), nos seus quarenta. Carrie (Sarah Jessica Parker), Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis – Linda atriz e propositalmente é colocada como a “ingênua” nos filmes e episódios) e Miranda (Cynthia Nixon – Advogada e a mais desprovida de beleza exterior delas).

Trata-se de série televisiva bem específica e direcionada a público mais que específico: As mulheres maiores de vinte e poucos anos de idade. Na tentativa de não ficar no clichê e comentário pejorativo machista, busquei conhecer e entender a série através do exercício “assistir” e não julgar de prima. Foi exatamente o que fiz... Naquela de entender do que minha amada gosta e coisa e tal.

Sex and the City é um filme daqueles que não haverá importância alguma se falarmos bem ou mal, pois, já existe um público alvo fiel “quase comprometido” em assistí-lo. E como a maioria das continuações, partimos do silogismo que o primeiro sempre e na maioria das vezes é melhor. E aqui não se foge à regra.

Nesta segunda versão, a impressão – minha masculina é claro! – é que tudo ficou “OVER”. Uma mistura de “Priscila, a rainha do deserto” com pitadas de episódios anteriores da própria série e comediazinhas tolas teoricamente românticas. Tudo foi exagerado: O número de locações cresceu, o orçamento do filme aumentou, a duração aumentou (por demais!!), o número de participações especiais (Lisa Minelli dançando Single Ladies, de Beyoncé, num casamente gay; Miley Cyrus sem graça e a linda Penélope Cruz desperdiçada em breve cena com o “Mr. Big” marido de Carrie) e creio que a quantidade de figurinos usados pelas personagens também aumentou. Existem momentos tão “OVER”, que a mim me pareceu que o mais importante era a demonstração da luxúria, riqueza e o supérfluo.

A escritora Carrie (personagem principal) já conta com dois anos de casada e perto de lançar mais um livro sobre a vida “pós-casamento”... E eis que começa a perceber sinais de rotina na vida em casal, fazendo com que a mesma comece a “filosofar” sobre isso e achar inadmissível a possível chateação da rotina.

Outra personagem, Charlotte, começa a desconfiar de possível traição do seu marido com a babá (loira peituda que ao final revela-se homossexual) e vê-se cada dia mais estressada por cuidar de duas filhas.

Miranda (a advogada, personagem desprovida de beleza exterior dentre as três) resolve largar a firma de advogados para cuidar melhor de sua família,m porém, descobre que não é exatamente o que deseja.

Samanta começa a viver as chamadas “crises da menopausa”, tentando burlar a biologia através de hormônios. Nas cenas desta personagem observa-se o maior número de “clichês” e situações de comédia pastelão que já existiram: Milhões de remédios, exageros em roupas, etc,etc... Esta última personagem, recebe convite de um “Xeique” (outro clichê fraco) para uma viagem de supostos negócios aos Emirados Árabes... Aí, resolve levar as amigas para serem bancadas por alguns dias pelo tal “Xeique”.

Ou seja, um enredo e roteiro de dar inveja em “Maria do Bairro” e “Bete, a feia”... Com abusos de piadas politicamente incorretas (sobre a cultura árabe e o mundo masculino) e batidas; investindo em situações de “mico” para as protagonistas (corrida em mercado, prisão por fazer sexo na praia, salto alto quebrado, perda de passaporte, taxi quebrado, “burrice” de uma delas ao querer comprar relógio com “contrabandistas”) que acabam por tirar um pouco a inteligência e subestimando os espectadores, caindo para um final piegas e mais que previsível, do tipo: A mulher sempre é mais sensível, se trai é porque está confusa com o relacionamento, a amizade sempre prevalece, etc,etc, etc.

Ao final o que prevaleceu – em longas duas horas e meia - foi a valoração ao consumismo e futilidades. O que se vende é: “A felicidade na realização do consumismo”. A gente , não quer dizer que seja distorcido, pelo contrário. E neste sentido, os diretores e produtores estão felizes pois, “Sex and the City 2” arrecadou mais de US$ 390 milhões nas bilheterias mundiais. Sarah Jessica Parker recebeu um cachê de US$ 30 milhões para atuar e produzir o longa.

O filme não se assemelha – nem de longe – aos episódios da série na TV por assinatura. É como aquela bebida achocolatada láctea de nome “Alpino” da Nestlé que, quando você procurar ler a embalagem vê escrito: “Este produto não Contém Chocolate Alpino”. Ou seja, uma piada.