quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"PARIS", o filme.




Trata-se de breve (nem tanto) e despretensioso comentário sobre o filme "Paris" dirigido por Cédric Klapisch. O cenário obviamente não poderia ser outro: A cidade da Luz! Observamos PARIS nos dias atuais apresentando as estações do outono e inverno. O título do filme, de fato, tem ligação direta com a história. Observamos um rapaz parisiense (ex-bailarino) que está muito doente do coração e necessitando fazer um transplante deste órgão.

Ele vive num pequeno e aconchegante apartamento em bairro (“arrodissement” - não mencionado no filme) não menos aprazível e de sua sacada observa o cotidiano desta linda cidade que de alguma forma o impulsiona a lutar pela vida. Sua condição coloca-o como observador de tudo e todos à sua volta de uma forma diferente. A sisudez da dona da padaria, o olhar meigo da atendente da mesma loja, a estudante de história que divide relações íntimas com seu professor e colega de faculdade, os idosos nas ruas, o olhar crítico-irônico do francês parisiense, a arquitetura antiga e linda que se contrasta com os arranha céus distantes, os vendedores de frutas, bem como, estrangeiros que buscam um lugar ao sol.
Parece muito familiar e até clichê de início, pois, trata-se de uma série de pequenas histórias paralelas com personagens que de alguma forma se interrelacionam e se conectam nesta cidade que demonstra ser mais uma personagem. O fato é que não dá vontade de ir embora da sala de cinema, nem quando acaba e os letreiros começam a subir. É uma daquelas histórias que nos dá vontade de ir ao barzinho/bistrô ou restaurante calmo com a namorada, noiva, esposa e amigos mais chegados para conversar sobre o filme tomando um bom vinho tinto...E assim eu fiz! (rs).

E para quem já teve a honra e oportunidade de ir à Paris, aparece uma enorme vontade de voltar para rever esta linda cidade e os locais de alguma forma retratados no filme: Sacré Couer, Montparnasse, Notre Dame, Champs Elysée, Montmartre, Torre Eiffel, metrôs, etc.

O idioma do filme – graças a Deus! - é o francês e desta forma não o deixa estereotipado. Mas, importante se dizer que a cidade mais conhecida e bela do mundo como cenário não é o único atrativo deste longa-metragem. A diversidade pulsa! O ser Humano é o foco e o mais importante. O processo da existência e os dilemas de cada um é o que importa... E a mensagem que o amor é a busca incessante de todos.

Vale muito a pena refletir sobre os sentimentos da personagem ex-bailarino doente (Romain Duris), a espera do transplante que é capaz de transmitir ao espectador a dor que sente e nos mostra que é possível transpor este momento de dor e buscar paciência, tentando curtir o que a vida proporciona, brincando com as sobrinhas, tendo alegrias sinceras.

Desta maneira, a história se constrói na medida em que o diretor aponta suas lentes para os feirantes que disputam a freguesia, para a moça que começa da padaria meiga, a dona da mesma padaria que se mostra insuportável, o professor de história intelectual e hermético que se vê “quebradiço” ante uma paixão por uma linda estudante quase volúvel; o arquiteto (irmão do professor de história) que se mostra frágil ante o desejo de ser pai; o jovem negro que deixa a República dos Camarões para viver com seu irmão na cidade da Luz; a assistente social (Juliette Binoche), mãe de três filhos que se vê chacoalhada com o drama do irmão doente e reflete sobre sua vida.

A partir do mosaico de vidas em Paris o Diretor vai dando seu recado.

O filme "Paris" teve três indicações ao César (o Oscar francês), nas categorias Edição, Filme e Atriz Coadjuvante (Karin Viard). Trata-se de um filme Bonito, honesto, tocante e capaz de fazer com que o espectador contemple também o cenário em que a história se passa.


2 comentários:

Renata disse...

Simples, leve e tocante...
É exatamente assim que vejo.
Li comentários a respeito de PARIS como o mais recente exemplar daquele que está se tornando um gênero à parte no mundo do cinema: os filmes com um monte de personagens desconexos que levam as suas vidinhas e enfrentam seus dramas e amores, até que todo mundo se cruza de alguma maneira no final. É o jeito que inventaram para transformar a crônica (ou meia dúzia delas) em longa-metragem.
Adorei o filme!
Adorei a companhia no cinema. Parabéns pelas excelentes considerações.
Beijos MOZINHO...

Ana Léa disse...

Assistiu INVICTUS?
E o BILISOMEM? kkkkkkkkk